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Serão novos os anos que passam, os
séculos e os milênios que se sucedem na ampulheta do tempo?
Não são. O tempo, qual o concebemos,
não passa de uma ilusão. Não há tempos novos, nem tempos velhos. O tempo é
sempre o mesmo, porque o tempo é a eternidade. Todas as mudanças que
constatamos em nós e em torno de nós, são produto da transformação da matéria. Esta,
realmente, passa por constantes modificações. A mutabilidade é inerente à
matéria e não ao tempo.
A matéria é volúvel como as ondas e
instável como as nuvens que se movimentam no espaço assumindo variadas
conformações que se sucedem numa instabilidade constante.
O nosso envelhecimento não é obra do
tempo como costumamos dizer. É a matéria que se vai transformando desde que
entramos no cenário terreno. Nascemos, crescemos, atingimos as cumeadas do desenvolvimento
compatível com a natureza do nosso corpo. Após esse ciclo, as mudanças
tornam-se menos rápidas. Há como que ligeiro repouso. Depois, segue-se a
involução, isto é, o curso descendente que nos leva à velhice, à decadência e à
morte, quando esta não intervém acidentalmente, pelas moléstias, cortando o fio
da existência em qualquer de suas fases.
Todos esses acontecimentos nada têm
que ver com o tempo. Trata-se de manifestações da evolução da matéria
organizada, vitalizada e acionada pela influência do Espírito.
O Espírito é tudo. Por ele, e para
ele, é que as moléculas se agrupam, se associam, tomando forma, neste ou
naquele meio, na Terra ou em outras infinitas moradas da casa do Pai, que é o
Universo.
Na eternidade e na imensidade
incomensurável do espaço, o Espírito se agita procurando realizar o senso da
Vida, que é a evolução. Para consumá-la percorre as incontáveis terras do céu.
Veste e despe centenares de indumentos, assumindo milhares de formas e
aspectos.
A matéria é seu instrumento, é o meio
através do qual ele consegue a sua ascensão ininterrupta.
Nada significam, portanto, os anos
que passam e os anos que despontam nos calendários humanos. O importante na
vida do Espírito são as arrancadas para a frente, são as etapas vencidas, o
saber adquirido através da experiência, e as virtudes conquistadas pela dor e
pelo amor. O que denominamos – passado – é apenas a lembrança de condições
inferiores por onde já transitamos. De outra sorte - o futuro não é mais que a
esperança que nutrimos de alcançar um estado melhor. O presente eterno eis a
realidade.
Encaremos assim o tempo e,
particularmente, o ano novo que se inicia. Façamos o propósito de alcançar no
seu transcurso a maior soma possível de aperfeiçoamento.
É o que, de coração, desejamos aos
nossos leitores.
Vinícius./ Na Seara do Mestre.
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