segunda-feira, 11 de agosto de 2014

2º DIA XIV & IX ENCONTROS SEJA/CAMINHO DE LUZ

O segundo dia dos XIV & IX Encontros Espíritas SEJA/CAMINHO DE LUZ,  que homenageou os 150 anos de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, aconteceu na Sexta-Feira (25.04.14), com a palestra da professora Adalgisa Campos Balieiro, da cidade de Ribeirão Preto-SP, que abordou o tema “O Evangelho e Nós – Contribuições para um pensar esclarecido”. No início da noite foi discorrido sobre o Projeto Ernesto Dantas, que homenageava o pioneiro do Movimento Espírita em Vitória da Conquista e, em seguimento, o maestro Gerson Ferraz apresentou belas canções musicadas do livro “Parnaso de Além-Túmulo”, criando uma harmonia de encanto e suavidade no ambiente. Um exemplar do livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo” foi ofertado ao público presente, como acontecera na noite anterior.

A professora Adalgisa iniciou suas reflexões da noite considerando que toda despedida é sempre antecedida de muita inquietação, tanto para aqueles que partem, como para aqueles que ficam, relacionando que quando da partida de Jesus todos aqueles que Lhe receberam os ensinamentos viveram essa inquietação, pois estavam todos apreensivos sobre o que fazer com tanto manancial de luz, com tudo o que fora recebido do Mestre, em vista das muitas promessas feitas.

A expositora relatou que Jesus era um homem simples, que se fez comum para ficar próximo daqueles a quem Ele entregaria Sua mensagem e, por isso, vestiu as mesmas roupas que todos, calçou as mesmas sandálias que todos, falou a mesma língua de todos, participou das comemorações festivas da família. Era um Ser extremamente simples, vivendo com pessoas simples e tornou-Se amado por elas. 

Destacando a figura singular do Mestre exibiu o vídeo com a canção “O Homem”,  enfatizando que aquele é o Jesus  que nós conhecemos e que amamos muito: o Jesus que ensinava sempre e nos dava a oportunidade de falar, nos incluindo no mesmo espaço, para que pudéssemos nos sentir mais perto e O entendêssemos.

Ao destacar essas questões sobre o Mestre, a professora Adalgisa questionou: - se Ele fez tanto, por que nós nos encontramos, no momento atual, como nós estamos?  O que foi que aconteceu conosco? Por que estamos falando tanto de paz e vivendo em clima de guerra? Guerra nos lares, guerra nas escolas, guerra entre os povos, guerra entre as nações... Onde está a paz? O que teria acontecido conosco?

Ponderou que é sobre aqueles que aceitam o Evangelho e não só o estudam, que se pode falar, pois que eles podem dizer o que fazem quando o aceita e o entende, e de como as condutas são melhoradas, porque o Evangelho, acima de tudo, é um código de moral com ética e, diante de tantos problemas pelos quais a humanidade passa, é a única alternativa válida.

Chamou a atenção para uma certa confusão quanto aos âmbitos de trabalho, em torno dos estudos, destacando que filosofia e ciência estudam-se; código de ética e moral, aceita-se e vive-se de acordo e, aceitando-se, começar a fazer contato com as possibilidades que nós temos na aceitação.

Indagou por que conseguimos aceitar e não mudar? Ou, então, porque só estudamos? Somente para dizer que conhecemos?

Ponderou que a resposta é porque mudar é muito difícil!

Apresentou o pensamento de Allan Kardec, na introdução de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, quando dividiu as matérias contidas nos Evangelhos em cinco partes: os atos comuns da vida do Cristo, os milagres, as profecias, as palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas e o ensino moral. Se as primeiras quatro tem sido objeto de discussões, a última permanece inatacável. Para os homens, em particular, é uma regra de conduta que abrange as circunstâncias da vida privada e pública, o princípio de todas as relações sociais, fundadas na mais rigorosa justiça.

Enfatizou que o Evangelho é um código de ética e de moral.

Refletiu sobre a Questão 629 de OLE, que trata sobre a definição de moral, apresentando a resposta dos Benfeitores da Humanidade de que “a moral é a regra para bem se conduzir... O homem se conduz bem, quando faz tudo em vista e para o bem de todos, porque então observa a lei de Deus”.

A professora Adalgisa destacou que moral são regras consensuais de conduta que orientam as relações cotidianas dos diferentes agrupamentos humanos sendo, por isso mesmo, particular a cada um deles e que se pode ter diversas regras de viver, desde que sejam com ética.

Interagindo com os presentes perguntou-lhes qual é a ética do Evangelho?  Em seguida, completou a lição:  “fazer ao outro o que queremos que ele nos faça”.  Essa é a necessidade imediata que os homens, de uma maneira geral, precisam aceitar. Destacou que jamais vamos conseguir que todos sejam iguais - e, nem é desejável, nem necessário. É preciso que nas nossas diferenças, tenhamos acima de nós a ética do Evangelho: fazer ao próximo aquilo que queremos que ele nos faça.

A ética cobre todas as morais, podendo existir moral sem ética.

Ponderou que o caráter revolucionário do Evangelho reside na possibilidade de sustentarmos uma maneira particular de viver com o outro em que o pluralismo de ideias seja efetivamente respeitado;  que todas as vozes sejam ouvidas e nenhuma voz se imponha como palavra última e definitiva e, que, a revolução silenciosa do Evangelho apoia-se na construção de um mundo que ao incluir esse fato, possa tornar possível a paz e harmonia entre todos. O Evangelho faz uma revolução por causa dessa ética que ele introduz.

Convidou os presentes à reflexão quando indagou: como você faz? É difícil vivermos assim?

Aprofundando as reflexões observou que dessa maneira percebe-se como a situação muda, pois a revolução é uma revolução de ótica! Pensar diferente, sentir diferente, flexibilizar a estrutura, porque nós temos um pensamento a respeito das coisas que nos levam a caminhos equivocados de rigidez, de exigência, nas relações. É isso que nós precisamos trabalhar, porque cada um tem o direito de ser como é.

Refletiu que temos medo de ficarmos frágeis se o que eu digo sobre o que eu penso não ser certo. É como se tirasse o chão debaixo dos nossos pés. Temos as nossas verdades e os outros têm as deles. Como se resolve? Quando se aceita o outro, quando se aceita a experiência do outro. Quando juntamos o nosso saber e o saber do outro, os nossos saberes são bem maiores, se dilatam e nosso espaço de convivência se transforma. O amor é o grande dilatador dessas possibilidades: aceitar o outro, independente de quem ele seja.

A professora Adalgisa enfatizou que quando estamos convictos de que o que pensamos é absolutamente certo, sem que na realidade seja assim, dificilmente mudaremos nosso modo de pensar, de sentir e, consequentemente, de agir. Não se muda a conduta questionando-a e, sim, entendendo as ideias que as fundamentam. Como posso entender como a pessoa age se ela não diz por que age daquela forma? Na medida em que ela se coloca, diz como pensa, e vem conversar conosco. O que nós podemos entender do que ela está nos dizendo? Não é o conteúdo que ela comunica, mas o que está atrás do conteúdo.

Lembrou que é necessário desapegar um pouco de algumas verdades para abrir espaço para outros aprendizados e, assim, mudar um pouco a nossa conduta.

Ressaltou que o exercício do conversar, em espaços de aceitação e respeito mútuos, permite aos conversadores flexibilizar seu pensar, favorecendo a mudança de ideias, pois ninguém muda ninguém dizendo que ele tem que mudar as coisas que ele faz. Só se muda o pensar das coisas, corrigindo o como a pessoa pensa. E, a pessoa pensa do que jeito que ela faz! Do jeito que a pessoa age é a forma como ela está pensando.

À medida que os homens se esclarecem sobre as coisas espirituais, pensando de maneira diferente, dão menos valor às materiais, trabalhando para a reforma das instituições humanas que as entretêm e excitam. Isso, de acordo com a professora Adalgisa, depende da educação.

Apresentando a questão 913, de O Livro dos Espíritos, considerou que “quem nesta vida quiser se aproximar da perfeição moral, deve extirpar do seu coração todo sentimento de egoísmo, porque o egoísmo é incompatível com a justiça, o amor e a caridade: ele neutraliza todas as outras qualidades”. Parece difícil extirpar o egoísmo inteiramente do coração do homem, por encontrar-se fundado no interesse pessoal. Quando verdadeiramente integrante do caráter o egoísmo corresponde a uma parada no desenvolvimento emocional, definindo um funcionamento mental manifestado por uma insensibilidade alheia e, por contraditório que possa parecer, por uma limitação da pessoa em suas possibilidades de ser feliz.

Observou que o egoísta tende a se separar dos outros, não por bastar-se a si mesmo, mas por considerá-los como simples instrumentos de seu interesse. Ele só muda no processo de evangelização. E, por que o Evangelho é o caminho? A vivência da máxima evangélica “ama a teu próximo como a ti mesmo”, pelo exercício da convivência, se constitui o antídoto ao egoísmo.

Por essa razão, destacou que a convivência se impõe como uma necessidade de nossa época e, se balizada pelo Evangelho de Jesus, resgata nossas origens, levando-nos de volta ao caminho certo. Não precisa ser psicólogo para realizar esse trabalho. Basta criar espaços de convivência nas escolas de evangelização, nas casas espíritas, dentro dos lares, nas famílias. A evangelização da família é uma questão relevante, porque o evangelho é essencialmente a relação com o outro, por isso que é a regra moral de conduta. O antídoto para o egoísmo é a evangelização.

A professora Adalgisa evidenciou que nesse exercício de convivência voltamos às nossas origens, pois nós, seres humanos, somos seres relacionais, pertencentes a uma história amorosa, constituindo o amor nossa base e a proximidade nosso fundamento. Quando nos falta o amor, em qualquer idade, ficamos enfermos, sendo o amor, sempre, o primeiro remédio.

Enfatizou que a ética só existe no amor, pois que o amor define um espaço relacional de convivência com o “outro” e, se não existe o outro, não existe ética, posto que, não se pode ser ético somente consigo. O “ético” qualifica as relações e a ética de qualquer moral é a ética do Evangelho, porque é na relação que se estabelece a ética.

Refletiu que o Evangelho é uma atitude de vivência que nos convida à reunião, em situações de aconchego, sem exigências, sem tarefas para casa, sem pesquisas para serem feitas. Ponderou que quem faz de outro jeito pode até conseguir, no entanto, duvida do resultado, pois a história não tem registro de alguém que foi tão bom, que amou, que conviveu, sem egoísmo, não pensando só para si e que tenha sido infeliz.

Destacou que a nossa felicidade também implica na felicidade do outro e que essa é a ética do Evangelho, pois o Evangelho é uma nova alfabetização, é uma outra categoria de pensamento, é um pensamento de inclusão, porque nós pensamos de uma maneira cartesiana: tudo arrumadinho, tudo bonitinho, para chegar-se à conclusão. Essa maneira de pensar não serve para interpretar o Evangelho, nem para entender o Evangelho, porque a racionalidade não inclui o outro, e nós precisamos ampliar o espaço de convivência para entender.

Finalizou suas reflexões com a lembrança de que o Evangelho para ser entendido não precisa ser destrinchado, analisado, submetido a estudos de semântica, nem análises gramatical e literária, pois, o que é preciso é entender a mensagem, porque Jesus não disse que seria necessário interpretar o Evangelho para nós. Nós é que temos que entender com as nossas capacidades, com os nossos referenciais, dentro das nossas possibilidades.

























































Fotos: Vanderlei Gonçalves da Silva

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