sexta-feira, 1 de junho de 2018

O Evangelho sentido e praticado

             
Muitas vezes as lições que estudamos e que, em princípio, concordamos e aceitamos,  não nos afetam como deveriam, não nos transformam.

   
O movimento espírita tem assistido nos últimos tempos um grande fluxo de palestras, livros e vídeos trazendo valiosas quanto oportunas informações sobre o Evangelho, seja do ponto de vista histórico, interpretativo ou doutrinário. Não poderíamos deixar de reconhecer a validade desses estudos, pois o enriquecimento cultural é sempre importante.

     Diante desse manancial intelectual, permitimo-nos indagar sobre a vivência das lições evangélicas. Estamos colocando em prática as sublimes lições de Jesus ou estamos nos deixando levar pelo acúmulo de conhecimentos, sem, de fato, vivenciar com o nosso próximo e com a coletividade o amor, a caridade, a solidariedade?

     Para melhor compreensão do tema e sua importância, recordamos episódio ocorrido em reunião do grupo de estudo do Espiritismo do qual fazemos parte, quando uma senhora assídua aos estudos, cooperadora das atividades, relatou problema que estava tendo com um de seus vizinhos. Nesse relato, afirmou que se encontrasse com ele na rua tiraria satisfações, podendo até dar-lhe uma surra, e que para resolver o problema abriria um processo na justiça. Ponderamos na necessidade do diálogo e da vivência das lições que estudávamos, pois que adianta saber a teoria se na prática não a utilizamos? O fato serviu para um debate geral que, cremos, foi muito útil.

     Como vemos, muitas vezes as lições que estudamos e aceitamos, não nos afetam como deveriam, não nos transformam, não fazem com que mudemos nossos hábitos, nossa maneira de ser, apesar de nos maravilharmos com o Evangelho à luz da imortalidade da alma. Isso acontece porque mantemos essas lições no nível de teoria, de conhecimento, então nem o Evangelho, nem o Espiritismo, fazem diferença.

     (...)

     Diz-nos Allan Kardec que se reconhece o verdadeiro espírita pelos esforços que faz para transformar suas más tendências, e isso não se consegue apenas com acúmulo de conhecimentos, e sim com esforço diário, constante, de amar o próximo, de fazer a caridade, de controlar os próprios impulsos, ou seja, com o esforço de colocar em prática as lições de Jesus, o Mestre dos mestres, o Espírito mais perfeito que Deus concedeu ao homem conhecer.

                         (in: Jornal O CLARIM, ANO CXII, nº 10, maio de 2018, pág. 11, excerto de artigo de autoria de Marcus De Mario.)