sexta-feira, 31 de maio de 2013

Coerência legítima

Joanna de Ângelis
imagem: jesucristoenelcine.blogspot.com.br/

É natural que o indivíduo, no seu círculo social, busque agradar aos demais companheiros, gerando simpatia e cordialidade.

No inter-relacionamento pessoal há uma necessidade premente de se fazer amigos e conquistar-se corações.

Multiplicam-se os métodos de persuasão para facilitar o êxito no grupamento comunitário, o destaque na esfera humana em que cada qual se movimenta.

A preocupação com a aparência e com os resultados dos esforços de ampliação do círculo de amizades torna-se, às vezes, exagerada, como se a finalidade exclusiva da existência fosse o triunfo nos negócios, na convivência, na sociedade...

O cristão decidido, no entanto, tem outra meta, que é o auto-aprimoramento moral.

Interessado na conquista de patamares espirituais mais elevados, sem desconsiderar a vida social, entrega-se a outras buscas, aquelas que lhe facultam a transformação de hábitos para melhor, a renovação de conduta, que mais se deve aprimorar.

Reconhecendo a fragilidade da organização física em que transita e a relatividade do tempo terrestre na sua realidade eterna, aplica-o na vivência do programa espiritual que lhe constitui a vida.

Sabendo que a reencarnação é uma experiência de breve curso, aproveita-a para se iluminar buscando erradicar as paixões perturbadoras e fixando os sentimentos enobrecedores.

Consciente de que o maior êxito que pode conseguir é em relação às próprias imperfeições, afadiga-se por superar-se a cada dia, insculpindo o bem na mente e no coração, que lhe passa a nortear os passos.

*

Êxito e simpatia na Terra são aquisições de breve duração.

Os amigos exigem consideração constante, concordância contínua, conivência...

A mesa farta, as fastas frequentes, os encontros alegres constituem o cardápio apetitoso para os comensais do prazer e da ilusão.

Rapidamente, porém, eles mudam de endereço aonde se locupletam passando a outros ídolos, a outras movimentações, a outros recintos...

Ademais, ninguém agrada realmente a quem se compraz com a mentira, a bajulação, o endeusamento.

Saturam-se, tais pessoas, com facilidade, em suas existências ociosas com os seus corifeus e admiradores.

Entediados, estão sempre em busca de sensações novas até quando a enfermidade, os revezes do caminho e a morte os convidam à realidade.

*

Não te amargures, pois, se te sentes isolado, incompreendido, censurado, porque elegeste a Causa do Bem no mundo, a tua libertação moral.

Sempre haverá quem censure outrem, particularmente, nos círculos da frivolidade na qual todos parecem simpáticos e apenas parecem...

Respeitando a sociedade e os seus grupos, buscando auxiliá-los, não te submetas às suas exigências e caprichos.

Segue a trajetória traçada em paz íntima, sem outro aplauso que não seja o da própria consciência.

Sê, portanto, coerente nos atos com aquilo que pensas e falas.

*

Jesus era o Homem sociável, por excelência.

Conviveu com as criancinhas, participou do festim de bodas, dialogou com os réprobos e repudiados, visitou os enfermos e os curou, obedeceu à Lei, frequentou a Sinagoga, movimentou-se nas multidões que atraía, confortou a todos que O buscavam em sofrimento, desobrigou-se com elevação dos deveres domésticos, mas insurgiu-se contra os poderes político e religioso arbitrários, enfrentando o farisaísmo com serenidade e invectivando a hipocrisia, a hediondez...

... E não se submeteu a ninguém, nem a grupo algum, porque a Sua deveria ser uma conduta exemplar, uma vida impoluta, ensinando e vivendo a proposta do amor de Deus.

Nunca cedeu às paixões dominantes, nem se preocupou em agradar aos poderosos, aos indivíduos em geral.

Amou-os, mas não se permitiu adaptar-se aos seus gostos.

Trouxe um compromisso que desempenhou com elevação.

Por isso, pagou o preço da Sua vinculação com a Verdade e da Sua coerência com a Realidade que desvelava.

Toma-O como Modelo e não te preocupes com mais nada, realizando o teu dever, aquele para o qual renasceste.

(Fonte: No Rumo da Felicidade. Psicografia: Divaldo Pereira Franco. Págs. 65/68. ebm editora).