quinta-feira, 31 de maio de 2012

Em viagem

A existência terrestre é uma viagem educativa.


Começa na meninice, avança pelos caminhos claros da plenitude física, e altera-se na noite da enfermidade ou da velhice,para renovar-se, além da morte.
Reparemos, pois, como seguimos.


Não nos agarremos aos bens materiais, senão no estritamente necessário para que nos façamos valioso irmão no concurso aos companheiros de jornada e útil a nós mesmos.


Há muitos viajores que sucumbem na caminhada sob pesados madeiros de ouro a que se atam, desorientados.


Não reclamemos devotamento do próximo, e, sim, amemos e auxiliemos a todos os que se aproximem de nós, para que nosso amor não desça do Alto aos tenebrosos despenhadeiros do exclusivismo.


Não prossigamos viagem guardando ressentimento, para que não aconteça de nos prendermos impensadamente aos labirintos do ódio.


Muitos viajantes, a pretexto de fazerem justiça, tombam, insensatos, em escuras armadilhas da crueldade e da intriga, com incalculáveis prejuízos no tempo.


Recordemos que iniciamos a excursão terrestre sem qualquer patrimônio e encontramos carinhosos braços de mãe que nos embalaram, amparando-nos, em nome do Eterno.


Lembremo-nos de que nada possuímos, à frente do Pai Celestial, senão nossa própria alma e, por isso mesmo, só em nossa alma amealharemos o tesouro que a ferrugem não consome e que as traças não roem.


Prazer e dor, simplicidade e complexidade, escassez e abastança, beleza da forma ou tortura do corpo físico, são simplesmente lições.


O caminho do mundo, que atravessamos cada dia, é apenas escola.


Nossos afetos mais doces são companheiros com tarefas diferentes das nossas.


Sigamos sem imposição, sem preguiça, sem queixa nem exigência.


O corpo é nosso veículo santo.


Não lhe desrespeitemos a harmonia.


A experiência é nossa instrutora.


Não lhe menosprezemos o ensinamento.
* * *
Estamos todos em viagem.


Sabemos quando chegamos, mas não conhecemos a data de nossa partida.


Todo tempo aqui deve ser muito bem aproveitado.


Toda companhia, agradável ao coração ou não, merece nosso respeito e atenção, pois não está ali por acaso.


Como viajor que sabe aproveitar as belezas do novo país que conhece, saibamos aprender com a vida, estudá-la em suas mais sutis lições de amor.


Não percamos tempo com implicâncias injustificadas, ódios gratuitos e prazeres efêmeros. A existência é muito maior do que isso.
* * *
Mensagens singelas como esta, são alertas aos nossos corações. São recados da Espiritualidade Superior que se importa com nossas vidas, e nos deseja ver retornar ao mundo essencial, vitoriosos.


Pensemos nisso.


Pensemos em nossa encarnação todos os dias.


Encontremo-nos todos os dias.


Encontremos o Criador todas as manhãs e noites, e viveremos mais felizes.


Colecionemos momentos de alegria durante a viagem, construídos pelo amor que cresce em nossa alma aprendiz.



(Redação do Momento Espírita com base no cap. 8, do livro Caridade, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Ide.)

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Transformar-se

A transformação exige a tomada de consciência daquilo que deve ser mudado. 

Se, em nosso dia-a-dia, repetimos os automatismos, sem qualquer preocupação de renovação, é quase certo que a transformação está por ser feita. A conscientização de uma mudança vem, geralmente, através de um desconforto, de algo que nos contraria, de um aborrecimento etc. O sofrimento, fazendo com que a nossa mente volte-se para dentro de si mesma, é o primeiro estopim dessa mudança.

A transformação é geral, porém podemos situá-la dentro de alguns aspectos específicos. Quanto à alimentação, será que estamos comendo racionalmente? Estamos ingerindo as vitaminas e os carboidratos necessários à nossa manutenção física? Quanto ao julgamento, estamos sofrendo com resignação ou condenando as más ações do próximo? Quanto ao foco de nossas atividades, descartamos aquilo que não tem mais serventia? Quanto aos relacionamentos, estamos guardando muitos ressentimentos em nosso coração?

Na antiguidade clássica grega, os verdadeiros filósofos não eram o que especulavam acerca da origem da vida e do cosmo, mas aqueles que se transformavam a si mesmos. Essa idéia de transformação também inflamou o pensamento dos primeiros Pais ou Padres da Igreja grega e romana. Os verdadeiros filósofos eram homens ligados à filosofia e à religião e procuravam agir de acordo com o que pensavam e falavam. Eles não só ensinavam, mas também praticavam a arte de bem viver. Eram os verdadeiros terapeutas da sociedade.

Os grandes sábios da humanidade dão muita importância ao exemplo. Por isso, diz-se que "o exemplo corrige muito mais que as repreensões", "mostrar como fazer é a melhor das críticas". Nesse mister, os que estão adquirindo sabedoria devem ter em mente que serão ridicularizados e condenados, pois se defrontarão com muita incompreensão em torno de seus passos. Às vezes uma pessoa escreve coisas edificantes, mas não age de acordo com seus escritos. Não o condenemos. Ao contrário, pensemos: ele está agindo de acordo com os seus automatismos, mas o que escreveu serve como preparação para o seu futuro.

Os desejos apressam e as aversões retardam a realização de um ato qualquer. O ser humano deve regular as suas emoções, ou seja, conter não só a negatividade da aversão como também estímulo do desejo, a fim de que não desvie dos caminhos que deve percorrer na vida. O equilíbrio não é fácil, mas sempre teremos a proteção do Alto. Deus, que ama todos os seus filhos, não nos deixaria abandonados. O que Ele quer é que permaneçamos em nosso posto de trabalho, controlando o que é da nossa conta e deixando para o outro o que é da conta dele.

Resistamos aos hábitos infelizes e cedamos àqueles que nos enriquecem a personalidade. Façamo-lo, contudo, com critério e determinação.


(Sérgio Biagi Gregório (2008,) sbgespiritismo.blogspot.com.)

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Convite especial


Em famosa passagem do Evangelho, Jesus fez um convite muito especial.

Afirmou que quem desejasse ir após Ele deveria renunciar a si mesmo, tomar sua cruz e segui-lO.

Esta afirmação é extraordinariamente rica, como ocorre em tudo o que procede do Cristo.

Nela, o aspecto da renúncia pessoal não é o menos interessante.

O serviço da própria sublimação não costuma ser compatível com a satisfação de todos os caprichos do coração.

Quem deseja viver o bem, necessariamente precisa se afastar um pouco do bulício mundano.

Não se trata de afastamento físico.

Afinal, a virtude não pode ser uma flor de estufa, que não resiste à prova da realidade da vida.

Esse afastamento é, num sentido muito específico, de não se deixar contaminar pelas loucuras e paixões correntes.

A responsabilidade é muito variável entre as criaturas.

Quem há pouco saiu da infância espiritual possui menores recursos de sublimação.

É, até certo ponto, compreensível que se empolgue com o discurso mundano.

Falta-lhe discernimento para compreender o que de fato lhe convém.

Contudo, a situação é bem diferente em relação às almas já tocadas pela mensagem cristã.

Para essas, grave é a responsabilidade.

Caso optem por viver a ardência dos sentidos, em detrimento dos valores eternos, complicam-se de modo muito importante.

Não se trata de um Deus punitivo a lhes cobrar contas.

O problema reside na consciência desperta e lúcida.

Por saber o que era possível fazer, a própria criatura se afunda no arrependimento.

Se pôs a perder santas oportunidades, é com dificuldade que se justifica perante si mesma.

Por isso, o caminho da redenção pressupõe renúncia.

Renúncia às banalidades que tomam tempo.

Renúncia às baixezas tão em voga.

Renúncia à maledicência, à pornografia, às vantagens indevidas, à preguiça e ao ócio.

A alma enamorada do ideal cristão tem em si uma urgência do bem.

Tal não significa que viva enlouquecida no afã de muito fazer.

Ela goza de uma paz especial, feita de serviço e de retidão.

Trabalha porque sabe o valor do tempo.

Mas entende que o resultado sempre pertence ao Senhor da vida.

Seu foco reside em ser digna, útil e bondosa.

Para atingir esse estado, dispõe-se a vários sacrifícios.

Abdica de ter razão para viabilizar a paz.

Abre mão de seu conforto para confortar o próximo.

Tudo porque seu coração foi tocado pelo convite do Senhor.

Ela realmente deseja segui-lO.

Por isso, encontra forças para fazer as renúncias necessárias.

Pense a respeito.




Redação do Momento Espírita

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Contentar-se

Em sua Epístola aos filipenses, Paulo de Tarso afirmou já ter aprendido a se contentar com o que tinha.

Trata-se de uma reflexão interessante e muito atual.

A vertigem da posse avassala a maioria das criaturas da Terra.

Homens e mulheres perdem a paz e, muitas vezes, a dignidade, na busca de riquezas.

Multiplicam suas atividades, para muito além do necessário, a fim de possuir muitas coisas.

Com tal proceder, deixam de prestar atenção em questões graves da existência humana.

Para ter mais e mais, abdicam do convívio com amigos e familiares e se deixam tomar pelo egoísmo.

A vida simples constitui uma condição da felicidade relativa que o planeta pode oferecer.

Contudo, ela foi esquecida por grande parte dos homens.

A Espiritualidade informa que a esmagadora maioria das súplicas que partem da Terra não se alça a planos superiores.

Elas não conseguem avançar além de seu acanhado âmbito de origem.

Isso porque os pleitos dirigidos à Divindade costumam conter estranhos absurdos.

Raras pessoas se contentam com o material recebido para a solução de suas necessidades.

Raríssimas pedem apenas o pão de cada dia, como símbolo das aquisições materiais indispensáveis.

O homem incoerente não procura saber se possui o menos para a vida terrena.

Ele costuma andar ansioso pelo mais nas possibilidades transitórias.

Geralmente, permanece absorvido pelos interesses perecíveis.

Insaciado, inquieto, vive sob o tormento angustioso de desmedida ambição.

Na corrida louca para o imediatismo, esquece a oportunidade que lhe pertence.

Desvaloriza e considera pouco o que a Sabedoria Divina lhe depositou nas mãos.

Olvida que renasceu para se pacificar e tornar virtuoso, e não para amontoar coisas que deixará ao morrer.

Com isso, atira-se em aventuras de consequências imprevisíveis, em face de seu futuro infinito.

Quem já entende a finalidade superior da existência terrena, precisa se esforçar para sair desse círculo vicioso.

De nada adianta gastar todas as energias em questões transitórias, com esquecimento do objetivo essencial da vida humana.

Cedo ou tarde, a morte de forma simples e clara revela a cada um o que é de fato importante.

Para não se arrepender amargamente, importa analisar a essência dos próprios desejos.

Faz sentido arder de cobiça pelo que ficará em suas mãos por reduzidos instantes?

Não é melhor libertar-se de tanto apego e prestar atenção em questões mais importantes, como a família, os amigos e as dores que pode amenizar?

Há muitos séculos, Paulo de Tarso iluminou-se ao aprender a contentar-se com o que tinha.

Ninguém fará essa lição por você.

Pense nisso.



(Redação do Momento Espírita, com base no cap. 29, do livro Caminho, Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel,
 psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.)